Foto: Beto Albert (Diário)
Lavoura de soja no distrito de Santa Flora
Na última sexta-feira (24), a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) entregou à prefeitura de Santa Maria, junto com a Defesa Civil, o laudo que contabiliza os prejuízos no campo em decorrência da estiagem. De acordo com o documento, os valores chegam a R$ 67 milhões. O município ainda não assinou o decreto de situação de emergência, porém afirma que já encaminhou a documentação no sistema da Defesa Civil Estadual para análise da situação.
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De acordo com o gerente regional da Emater, Guilherme Passamani, as perdas são estabelecidas e irreversíveis. As localidades afetadas são diversas e variam de região para região. A cultura mais afetada é a soja, que possui uma grande área de cultivo na região – um pouco mais de 44 mil hectares semeados. O impacto é de cerca de R$ 52 milhões:

– Aqui, o prejuízo se dá principalmente nas lavouras que estão em floração e no enchimento de grãos, reduzindo drasticamente a produtividade nessas áreas. Já as áreas que estão em desenvolvimento vegetativo também foram afetadas, porém em menor intensidade até este momento.
Já na cultura do arroz, os impactos chegam a R$ 408 mil, principalmente nas áreas onde não é possível realizar a captação de água de rios, arroios ou sangas. Isso resulta em déficit hídrico e, por consequência, reduz a produtividade dessas lavouras e dificulta os manejos necessários para a cultura.
A produção de olerículas (hortaliças em geral), principalmente na região de Arroio Grande, também foi afetada, com valores que giram em torno de R$ 720 mil. Isso afeta não somente a parte comercial, mas também as famílias que precisam desses alimentos para sobreviver.
– Elas impactam principalmente as áreas em que não há disponibilidade de água para irrigação, principalmente hortaliças, folhosas, tubérculos e raízes. Além disso, a estiagem acarreta também na redução de áreas a serem cultivadas. Os agricultores, por não terem água para irrigar, reduzem suas áreas de cultivo. Outro aspecto é sobre a segurança alimentar, pois muitas famílias usam esses cultivos como alimentos presentes no dia a dia das famílias e tiveram perdas significativas – afirma.
Há também prejuízos na produção de cítricos, em cerca de 27 hectares, o que corresponde a R$ 21, 6 mil. Já no milho destinado para grão, as perdas são de aproximadamente R$ 371, 8 mil, enquanto no milho dedicado para silagem e, consequentemente, uso para alimentação animal, os valores podem chegar a R$ 309 mil:

– O milho plantado no início da primavera praticamente não foi atingido. Já o milho semeado entre o final da primavera e o início do verão foi fortemente afetado.
Pecuária
A Emater também contabiliza prejuízos na produção do leite, com perdas estimadas em 30%, contabilizadas em um pouco mais de R$ 192 mil, em diferentes áreas. Já na pecuária de corte, pela falta de disponibilidade e qualidade do pasto, as perdas passam de R$ 13 milhões.
– Esse é um prejuízo estabelecido, e como os demais, não é possível recuperar. Esses números podem aumentar caso a estiagem persista na região. Os dados são referentes ao levantamento realizado no dia 24 e seguiremos atualizando o levantamento dos próximos dias e acompanhando a possível evolução desse cenário – finaliza Passamani.
Posicionamento da prefeitura

A prefeitura de Santa Maria foi procurada pela reportagem e pontuou que ainda não assinou o decreto de emergência, mas afirmou que "recebeu os relatórios da Emater e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e protocolou os documentos junto ao sistema da Defesa Civil."
Situação na Região Central
Além de Santa Maria, outros 16 municípios já assinaram seus decretos de emergência em decorrência da estiagem na região. Pelo menos 14 deles estão com os decretos oficializados. São eles: Santa Margarida do Sul, Tupanciretã, Rosário do Sul, Cacequi, Santiago, Silveira Martins, Júlio de Castilhos, Jari, Toropi, Vila Nova do Sul, Nova Esperança do Sul, São Francisco de Assis, Unistalda e Quevedos.
Três aguardam a homologação por parte do governo do Estado: Santa Maria, Itacurubi e Jaguari. Os dados são da Defesa Civil do Estado e das prefeituras municipais.
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